明日を目指して

Apesar das minhas fragilidades, avanço.”- Lya Luft

segunda-feira, 31 de março de 2014

~ uma carta para G (2)

'' Para G, 

Boa noite, G. Tudo bem? Já há alguns meses que não escrevo. Me desculpe. Tudo anda meio corrido. Novos desafios surgiram. Reconhecimento de trabalhos árduos. Entretanto todo reconhecimento chega com uma carga de novas responsabilidades. Estou aprendendo a lidar com tudo. 
Há alguns dias atrás encontrei a seguinte frase ´Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem'. Do querido Caio...O Caio, G. Caio Fernando Abreu! rs...Estive refletindo sobre o impacto que esta frase tem na minha vida. Ela é muito palpável, você não acha? Quantas vezes encontramos sentido na vida e no que fazemos, e do nada, basta termos uma decepção - a mais tola possível - e sentimos a perda. Perdemos os sentidos. Sentidos no sentido mais amplo! Perdemos o tato, o paladar, a audição e muitas vezes a fala é regida por incontáveis soluços desesperados. Sim, desesperados. Soluços que são manifestações dos nossos gritos. Gritos desesperados. Gritos mesclados com falta de ar. Com olhos inchados. Com lágrimas que percorrem não apenas nosso rosto, mas tudo que somos. Falando assim lembrei de um filme - de cor azul agradável - em que refleti sobre o choro. Sobre como somos quando sofremos. A gente nunca se olha quando estamos em tal estado. Você já parou para pensar nisso? Isso também é perda, não é? Perdemos a oportunidade de analisar o quão patético pode ser aquela cena ou deixamos de ver a sensibilidade que temos. 
Tenho pensado muito sobre a sensibilidade também. Porque é completamente natural perdê-la. Eu tenho altos e baixos. Crises eternas por não ter tanta sensibilidade. E no fundo sei que é normal encontrá-la lá dentro. Só que...sabe de uma coisa? Gosto de perder tudo isso. Perder o controle, perder os sentidos. No final sabemos exatamente onde encontrá-los. A gente perde, mas no fundo apenas escondemos todos esses sentidos em algum lugar secreto. Só que nunca é secreto, secreto. Sabe? A gente omite por proteção. Ou talvez por fuga. Ou seja lá qual for o motivo. O que importa é compreendermos o eterno ciclo de perder e encontrar. Afinal é tão natural, não é? Caio já dizia isso. E eu concordo com ele. 
Sei que esta carta parece sem nexo, mas talvez o que eu queira dizer, G, é que quando te perdi, perdi todos esses sentidos. Não era possível mais te tocar, ouvir sua voz, sentir seu cheiro e e muito menos sentir o gosto da tua boca. Aqueles lábios que sempre tocavam minhas bochechas. E era tão feliz quando todos esses sentidos construíam nosso dia-a-dia. 
Você sente o mesmo, G? Será que tive algum sentido para sua vida?
Sempre tento não ser dramático-triste-insano-depressivo-ouseiláoque. Só que deixo o lápis me levar. Deixo minhas emoções falarem. E no final, a conclusão é sempre a mesma: a saudade domina todo o meu ser. 
Assim como Caio disse, acredito que naturalmente um dia 're'encontrarei todos esses sentidos. Quando eu puder, por um minuto apenas, olhar-te nos olhos, com um breve sorriso, poderei recarregar todos os sentidos que se foram quando te perdi. Afinal, é natural, não é?
Para sempre seu,
M. ''